quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Perfume

Tua pele é rede, quente
Que envolve e rende, seda.
Minha alma é sede e sente;
Teu suor perfumado...

O teu corpo é vinho, ardente
Que aquece o sangue, febre.
Minha boca freme e pede;
Teu suor perfumado...

Teu sorriso é leito, sonho...
Cristalino e torpe, fogo -
Nos cabelos claros, soltos;
Teu suor perfumado...

Teu olhar é filme, efeito
Que comove e sorve, clama.
Meu amor é fumo, é chama;
Teu suor perfumado...

Alexandre Machado

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fome

A flor encarnada viva,
A cálida taça em sangue
De cor de vertigem grita
Na sede da fome.
O doce desejo habita.
A sede do vinho assome -
Vontade que vai e passa
Só o corpo consome.

Alexandre Machado Marques

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Bucólica

Me deixo ao te ver passar;
Contrastes entre roseiras,
Perfume que o vento arrasta;
O aroma das laranjeiras.

O tom de seus olhos claros
Tem cores indefiníveis...
Jardim dos botões mais raros;
Essencias quase impossíveis.

Trompetes, flautins e harpas
Ressoam, se vens cantando...
Camélias, ficam sorrindo...

Em brisa, se vão, dançando
E tudo vais colorindo...
Ao passo que vais passando.

Alexandre Machado.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Alvorecer

Quando acendo meu cigarro
Eu te sorvo em meu café
Mergulhando em teus afagos -
Teu perfume de mulher.

Vou jurar-te amor eterno -
Meu poema, meu enredo!
Acordar-te em acalanto
Te aquecendo logo cedo.

Esse sol que nos envolve
Entre laços de amplexo,
Essa frebe que me move -
O teu mundo tão complexo.

Eu te quero todo dia
Em meus dedos, pelo toque,
Pela pele o sol clareia,
Pela veia o sangue corre.

Quando nasce a luz da aurora
Admiram nosso sono
E a luz ardente implora
Despertando nosso sonho.

Já te falo ao pé do ouvido
Sussurrando aquele agrado
E num beijo comovido
Solto acordes pelo espaço.

Tu sibila um tom sonante -
Fecho os olhos para ver -
A leveza insustentável
De te ter no alvorecer.


Alexandre Machado Marques