quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Neanthertalesis

Celebremos a estupidez humana!
Os retóricos bacanais políticos,
Comício das dissertações profanas,
Demagogos ratos raquíticos!

Os escroques cospem blasfêmias
Em palanques suspensos malditos,
Escoceses, poeiras e putas;
A escória democrática dos bichos!

Virulentos, invadem as casas,
Banalizam a moral que nos resta,
Pestilentos, se espalham nas praças;
Canibais primitivos em festa!

Celebremos a barbárie humana!
Nos veremos nas trevas, mortos.
Mastigando de forma afana
A lavagem que servem aos porcos.

Alexandre Machado Márquez

domingo, 29 de agosto de 2010

Fotografia

Dos corações psicodélicos véus,
Pelo olhar das explosões infinitas,
Figurações redesenhadas nos céus;
Contemplação das ilusões definidas.

A solidão de uma quimera perdida
Na inanição dos pensamentos corridos,
Da escuridão se faz a luz refletida;
Sob as imagens, os seus coloridos.

Variações impressionantes das cores,
Revelações de uma paisagem colhida,
Das estações, cristalizados amores;

Despetalando lembranças garridas.
Nesse mergulho de enfoque e de eixo,
Pelas andanças da arte instintiva.

Alexandre Machado

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Por toda beleza do mundo

Se cada pessoa da terra
Tiver uma estrela no céu
Seremos amantes eternos,
Selénicas luzes do véu.

Se cada libido de fogo,
Servir ao desejo alimento -
Que queimem amores mais loucos!
E faz-se em pó o sofrimento.

Se todo sereno de chuva
Fizer do silêncio teu rosto,
Que o suco ardente das uvas
Me guarde tua boca e teu gosto.

Se cada poema escrito
Causar um encanto profundo
Que nunca mais seja esquecido;
Por toda beleza do mundo

Alexandre Machado Márquez

terça-feira, 27 de julho de 2010

Inconsciente

A inspiração foi concebida
Pelo meu subconsciente,
Foi de uma dor amamentada
Que crescendo lentamente.

Com a pressão descontrolada,
Com seus desmaios recorrentes,
Sem ter razão de ser amada,
Viveu em febre permanente.

Foi sem destino, alienada,
Foi depressiva e descontente,
Sem ter paixão precepitada,
Sem ter ventura de ser crente.

E sem poder ser definida,
Considerou-se indigente,
Foi se perder embriagada,
Pobre esquecida pela mente.

Foi finalmente condenada,
Por ter nascido inconsciente,
E acabou crucificada -
Mas mesmo assim, morreu contente.

Alexandre Machado Márquez

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Desfalecer

Por fim, desfaleci,
Em cada passo desdobrando.
A minha carne
Ainda presa à pele tua
Defez-se inválida, rasgando.

Então, desatinei,
Em cada pouco me deixando.
E o meu olhar
Ainda preso aos olhos teus
Desfez-se em lágrimas, sangrando.

Porque de tudo eu dei,
Em cada beijo me entregando.
A minha boca
Ainda presa à língua tua
Desfez-se louca, se calando.

Por fim, já nem mais sei,
O que seria desse encanto.
Se a minha vida
Ainda presa à vida tua
Defez-se lívida de pranto.


Alexandre Machado Márquez

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Corações Famintos

Desmantelou-se
Um coração covarde,
Morreu de sede
De redenção.

Desfigurou-se,
Desfez-se em partes,
Morreu de amores
Sem ter razão.

Como é que pode
Um coração selvagem
Render-ser à morte
Sem compaixão?

Por que será
Que foi tão demente
O coração descrente;
O amador pagão?

Que Deus perdoe,
Benevolente,
O coração da gente
É só emoção.


Alexandre Machado Márquez

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dialética do Esclarecimemto

Suspendido no céu -
A palavra.
Emanado estendido -
O desejo.
Sustenido sagrado -
O arpejo.

São os deuses cantando -
Do etéro.
O mistério pendido -
O segredo.
Esotérico cérebro -
Que é Vivo.

Que o homem que é santo
Tem medo.

Alexandre Machado

quarta-feira, 3 de março de 2010

Desumanizarte

Vou desumanizar
Os teus contornos
Cariciando teus mamilos,
E violando os teus sentidos,
Vou saciar o teu desejo.

Vou desumanizar
Em tua pele
Um musical dos teus gemidos,
No arrepio loquaz da febre,
Vou suspirar nos teus ouvidos.

Vou desumanizar
Pelo teu corpo
A sensação sagaz do gozo,
Em teus cabelos claros soltos,
Vou desaguar quase perdido.

Vou desumanizar
Essa inocência,
Estimular os teus libidos,
E derramados, nús e ungidos,
Nos amaremos loucamente.


Alexandre Machado Márquez

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Canção para o Amigo

Por onde andarás
Estimado Poeta?
Que trilho tu segues
Meu caro clarão?
Se sabes o quanto me dói tua ausência
Por que tu me fazes viver de ilusão?

Por onde divagas
Fiel camarada?
Qual é teu sentido
Andarilho irmão?
Se sabes o quanto me dói tua ausência
Por que tu me fazes viver sem canção?

Por onde tu bebes
Leal taverneiro?
Cadê teu corcel
Valente varão?
Se sabes o quanto me dói tua ausência
Por que não tens pena do meu coração?


Alexandre Machado Márquez